GEO METRIA

capa«Só os versos nos medem na doce escansão de cada sílaba, na música de sons que juntam e afastam e nas acentuadas tónicas seus centros, seus eixos, suas estratégias e significados. Um verso pode ser um encantado sílex que lascas de outras pedras já feriram para lhe polir a forma. Minha a surpresa de descobrir tão apurados versos, tanta ciência de ler e usar a coisa antiga. Ainda bem que o Samuel me deu a ler Geo Metria e para todos aqui deixo a espessura de um verso, a arte de bem escrever nesta oficina completa: “Aos olhos de quem nos mede/ a terra não tem medida”

Ana Paula Tavares

 

«A poética que se desprende das páginas de Geo Metria apela ao equilíbrio das dualidades, a matéria e a sua medida, cifra da arte e da palavra criadora, uma natureza humana contínua entre estes dous extremos, a necessária preservação da vida e a marca humana da mão que transforma.»

Maria Dovigo

 

«Samuel Pimenta, apesar de jovem, sabe-o, como o sabem os bons poetas, que a poesia não deve ficar à mercê do desvario e da subjectividade. E esse é um segredo, o da sobriedade, capaz de resgatar as forças mágicas da linguagem. Essa capacidade é a que distingue a boa da má poesia, no meu entender, sem concessões, e, mesmo que haja poetas de longo fôlego, tal não significa ceder à torrente da subjectividade ou do sentimentalismo desbragado. A escolha do étimo “Metria”, nesta obra, marca precisamente essa decisão do poeta, ainda que a tarefa de “medir a linguagem”, impondo-lhe limites, cortes, traçados, seja ela própria uma tarefa amorosa, nesse sentido de resgatar-lhe a música e a magia. Por outro lado, também a escolha do verso brevíssimo é um reflexo desse desejo de esculpir a linguagem a escopro preciso. Nessa medida, Samuel Pimenta é um escultor.»

Maria João Cantinho

1.ª Edição: Junho de 2014