Num futuro distante, comprovada matematicamente a existência de Deus, os homens são obrigados a trocar os seus nomes por números. Ergue-se uma ditadura global, em que todos são controlados e descaracterizados, uma sociedade de uma única religião, em que os algarismos definem tudo – pessoas, países, ruas, animais – , em detrimento da essência de cada um.
Um Nove Um Seis é um rapaz sozinho, que trabalha num call center, obsecado com o telemóvel – mais um cidadão anulado entre os milhões que levam uma vida programada, sob a vigilância do Estado. Até que, certa noite, um imprevisto encontro com um gato de rua lhe provoca um ataque psicótico, que leva as autoridades a fechá-lo num hospício.
Internado, Um Nove Um Seis partilha o quarto com um velho que lhe fala da resistência ao regime: um grupo de pessoas que se sublevam escrevendo poesia, recolhendo animais vadios e atribuindo-se nomes em vez de números. Com o velho e um gato como cúmplices, Um Nove Um Seis decide tentar descobrir quem é – além de um número num sistema de dados.
Neste surpreendente romance, Samuel Pimenta consegue, com uma destreza literária que nos prende do início ao fim, contar uma história empolgante, que, embora passando-se num futuro imaginário, questiona muitos dos problemas das sociedades contemporâneas – a substituição estéril de um mundo espiritual por uma realidade puramente material.
1.ª Edição: Setembro de 2015