Afirmar o meu corpo como espiritual é uma reivindicação política. Ao dizê-lo, estou a assumir-me enquanto entidade viva interligada com o Cosmos, sobre a qual nenhum Estado, nenhuma religião, nenhuma corporação e nenhum humano têm poder. Ao reivindicar a espiritualidade do meu corpo estou a dizer que sou a Alma, e a Alma é do domínio da liberdade.
O meu corpo não se submete, o meu corpo é da Natureza, da Vida, do Cosmos. O meu corpo é meu. Por isso, reivindico-me enquanto corpo humano espiritual, sabendo que, ao fazê-lo, estou a demarcar-me de todas as ideias que procuram restringir a multiplicidade de vidas que eu sou.
Eu sou além do género, além do nome, além da orientação sexual, além do país onde nasci e das suas narrativas e fronteiras, além dos partidos em que votei e dos governos, além das ideias em que me querem encerrar, além dos cursos que tirei e das profissões que exerci. Eu sou além. E por mais que um Estado legisle, que execute, que julgue sobre os corpos, por mais que uma empresa compre e influencie, por mais que um humano queira e deseje e ordene, o meu corpo, os nossos corpos, o corpo da Terra e até os corpos dos astros serão sempre livres e além daquilo que a humanidade pode entender com a razão. É essa a fronteira com que nos temos vindo a confrontar desde que pensamos, que aos olhos da razão existe o inexplicável. À razão falta humildade para aceitar os seus limites. E quando isso acontecer, quando a razão meditar sobre o que a impede de entender, entenderá, encerrando uma longa era de domínio e sofrimento.
Adorei !
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Muito obrigado!
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