A Terra, para mim, é uma entidade absolutamente sagrada, porque está viva. As águas subterrâneas, os rios, o mar, o solo que conforta as raízes e as nutre, o vento, o fogo que aprendemos a transformar em lume, em lar. A Terra é o lar, a Mãe de todas as criaturas, nas quais nos incluímos. Ela é o grande útero que nos gerou. À Mãe devemos a Vida.
A Terra é dotada de consciência. Ela sente. Numa primeira análise, sente através de nós, que somos Terra, natureza, animais com emoções. Mas creio que sente além de nós, como corpo que é. E sabe o que lhe temos feito.
Levar uma vida o mais sustentável possível e respeitadora da vida, na sua pluralidade, foi a escolha que fiz para, diariamente, caminhar com a Mãe Terra, sentir como respira, como sussurra, apelando-me para que a reencontre, para que a cure. Pois entre tantas vozes autoritárias a que vamos dando atenção, a voz da verdadeira soberana do mundo não grita, não impõe. Ela ama. Incondicionalmente. E devolve-nos uma única imagem: a nossa.
(Sugiro que a leitura deste texto seja complementada com o artigo Feminismo e a Soberania da Terra, que escrevi para a Revista Caliban.)